Tamanho do cavaleiro x bem estar e performance do cavalo.

O equilíbrio entre cavalo e cavaleiro é um tópico de discussão que tem ganhado crescente importância na indústria equestre. Assim como a população humana tem apresentado um aumento de peso ao longo dos anos, essa questão tornou-se central nas conversas sobre saúde e desempenho equino. Desde o notável workshop realizado na Inglaterra em 2015, o qual marcou o início do debate, uma série de estudos tem sido conduzida para lançar luz sobre essa temática complexa e oferecer orientações fundamentais para cavaleiros, treinadores, veterinários e juízes, em prol da saúde e bem-estar dos cavalos. 
 

Este é um assunto de natureza multifatorial, repleto de elementos interconectados que incluem fatores como idade, desenvolvimento muscular e forma física do cavalo, bem como seu comprimento toraco-lombar e a possibilidade de claudicação. O tipo, velocidade e duração do trabalho, além das habilidades, equilíbrio, forma física e coordenação do cavaleiro, também desempenham um papel crucial nessa equação. A capacidade do cavaleiro de se posicionar corretamente na sela, o ajuste adequado da sela para ambos cavalo e cavaleiro, e até mesmo o terreno onde o cavalo é montado, são fatores que não podem ser negligenciados. 
 

Avançando para 2021, pesquisadores ingleses trouxeram à tona resultados intrigantes e, por vezes, contraditórios. Eles demonstraram que a compatibilidade entre cavalo e cavaleiro é influenciada não apenas pelo peso do cavaleiro, mas também pela sua altura e morfologia corporal. Em um estudo pioneiro, cavaleiros experientes com habilidades similares, mas com diferentes pesos (variando entre 10% a mais de 20% do peso do cavalo), montaram diversos animais em ordem aleatória. Os resultados revelaram efeitos negativos na andadura e comportamento dos cavalos quando montados por cavaleiros de maior peso. 
 

Em outra abordagem, vinte cavaleiros montaram seus próprios cavalos com pesos amarrados em seus torsos, correspondendo a até 23% do peso corporal dos equinos. Nesse caso, os pesquisadores não conseguiram identificar nenhum impacto na andadura ou comportamento dos cavalos. Essas divergências reforçam a complexidade da questão e a necessidade de investigações mais aprofundadas. 
 

Além do mais, a posição do cavaleiro na sela tem sido apontada como um fator crítico. Um estudo que avaliou 148 cavalos de lazer e esporte ressaltou a importância da posição do cavaleiro na sela. Observou-se uma correlação significativa entre sinais de desconforto nos cavalos e a posição do cavaleiro. Aqueles que se sentavam no terço caudal da sela apresentaram mais indícios de dor em comparação com aqueles que se posicionavam no terço médio. Isso destaca a relevância do alinhamento do centro de gravidade entre cavalo e cavaleiro. 
 

A avaliação minuciosa do ajuste da sela é fundamental, com considerações específicas para a árvore da sela e seus painéis. A sela não deve ultrapassar a vértebra T18 e os painéis devem respeitar o limite da vértebra L1. Ademais, o comprimento toraco-lombar do cavalo deve ser adequado para acomodar a sela, permitindo que o cavaleiro se posicione corretamente. 
 

No cerne desse debate também reside o entendimento das noções básicas de posicionamento do cavaleiro, retidão e equilíbrio. O posicionamento inadequado do cavaleiro sobre o cavalo pode desencadear uma distribuição assimétrica de peso e força, impactando o desenvolvimento da musculatura dorsal e, potencialmente, contribuindo para problemas de claudicação nos cavalos. 

Diante desses insights, é evidente que cada caso requer uma análise minuciosa, considerando a complexidade do tema e suas implicações na saúde e desempenho dos cavalos. A indústria equestre está em constante evolução, com novas descobertas guiando práticas mais conscientes e aprimoradas. Portanto, a compreensão do impacto do tamanho do cavaleiro na relação com a saúde equina e o desempenho esportivo é uma jornada que exige contínuo aprendizado e adaptação.